O aumento do preço das frutas no Brasil, que nos últimos 12 meses acumulou alta de 16%, muito acima da inflação oficial, tem gerado indignação entre os consumidores e levantado questionamentos sobre as políticas econômicas adotadas pelo governo federal. Itens básicos como laranja, abacaxi e abacate, essenciais na alimentação diária, estão se tornando artigos de luxo, restringindo o acesso a uma dieta saudável para muitas famílias.
Alguns exemplos de frutas que tiveram aumento de preço são:
- Maçã gala: Aumentou 60,18% de abril de 2023 para abril de 2024, passando de R$ 5,55 para R$ 8,89 o quilo
- Mamão papaya: Aumentou 52,27% no ano passado, passando de R$ 11 para R$ 16,75 o quilo
- Banana caturra: Aumentou 43,48%, passando de R$ 2,76 para R$ 3,96 o quilo
- Laranja umbigo: Aumentou 36,38%
- Melancia: Aumentou 7,04%, passando de R$ 2,13 para R$ 2,28 o quilo
Enquanto fatores climáticos são usados como justificativa oficial, especialistas apontam que o problema vai muito além das intempéries da natureza. A política fiscal do governo, com sucessivos aumentos de impostos e alta carga tributária sobre a produção e transporte, tem sido um dos principais responsáveis por pressionar os preços ao consumidor. O aumento nos custos do diesel, insumo essencial para o transporte de alimentos, agrava ainda mais a situação, elevando os preços finais dos produtos nas prateleiras.
A alta do dólar também complica o cenário, encarecendo insumos agrícolas e ampliando o impacto nos custos de produção. Esse conjunto de fatores cria um círculo vicioso que prejudica não apenas os produtores, mas principalmente o consumidor final, que vê seu orçamento ser espremido diariamente.
“O que estamos vivendo é uma combinação explosiva de má gestão econômica e falta de políticas públicas efetivas para mitigar os impactos no custo de vida da população. O governo precisa assumir sua responsabilidade e propor soluções reais em vez de se esconder atrás de desculpas climáticas”, afirma o economista Marcos Lima, especialista em inflação de alimentos.
O setor produtivo também sofre. Agricultores de pequeno e médio porte, que já enfrentam dificuldades para acessar crédito e modernizar suas operações, agora lidam com custos mais altos e menor competitividade. Enquanto isso, o governo segue aumentando a carga tributária, o que compromete ainda mais a produtividade e a capacidade de oferta de alimentos.
Diante desse cenário, resta a pergunta: até quando o Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, continuará refém de políticas econômicas que penalizam tanto os produtores quanto os consumidores? O preço das frutas nas feiras e supermercados já pesa tanto quanto o da carne, colocando em risco a segurança alimentar de milhões de brasileiros.
O governo federal precisa urgentemente rever sua estratégia econômica, priorizar investimentos em infraestrutura, reduzir a carga tributária no setor de alimentos e implementar políticas que protejam os consumidores das flutuações descontroladas de preços. Caso contrário, a tendência é de um agravamento ainda maior dessa crise que já impacta profundamente o bolso e a mesa das famílias brasileiras.